Yanomami celebram 20 anos de reconhecimento de terras

5 novembro 2012

Os Yanomami recebem convidados na sua 7ª Assembleia © Fiona Watson/Survival

Esta página foi criada em 2012 e talvez contenha linguagem obsoleta.

Cerca de 700 Yanomami de várias comunidades do Brasil reuniram-se recentemente para a 7ª Assembleia da Hutukara, a associação Yanomami. 2012 marca o 20° aniversário do reconhecimento do território Yanomami pelo governo brasileiro.

Cinco dias de intensos debates foram marcados por vibrantes cerimônias para saudar os delegados Yanomami, incluindo vários da Venezuela, e convidados de outras tribos brasileiras, oficiais da FUNAI e dos ministérios da Educação, Saúde e Meio Ambiente e representantes de ONGs do Brasil, Venezuela e Europa.

Davi Kopenawa, presidente da Hutukara, abriu o encontro relembrando os difíceis tempos na década de 80, quando milhares de mineradores ilegais invadiram o território dos Yanomami, trazendo doenças e violência, e da longa luta por direitos pela terra, na qual ele teve um papel de liderança: ‘Sonhava muito e lutei durante 25 anos. Era muito difícil, mas outros me ajudaram. Era uma boa vitória para o povo Yanomami. Se eu não lutasse, não estaria aqui.’

O Davi Yanomami se dirige aos participantes na Assembleia © Fiona Watson/ Survival

Um representante da Survival esteve presente e mostrou uma mensagem em video da organização, parabenizando os Yanomami pelo 20° aniversário, com videoclipes da campanha internacional de vinte anos pelos direitos territoriais dos Yanomami.

Um dos principais assuntos debatidos foi um projeto de lei sobre a mineração, que se aprovado, abrirá territórios indígenas para a extração de minérios em larga escala. Mauricio Ye’kuana alertou que ‘vem uma cobra grande’ e Davi declarou, ‘Mineração não é bom. Não vai trazer nenhum beneficio ao povo Yanomami. Vai trazer brigas e doenças.’

Ele instou os Yanomami a denunciarem a mineração, e lembrou-lhes que ‘os amigos de fora vão apoiar nossa campanha contra o projeto de lei de mineração… Survival mora longe, mas ajuda e sabe proteger a floresta.’

Muitos delegados Yanomami expressaram a sua oposição a qualquer tipo de extração de minerais em suas terras, e afirmaram não terem sido consultados sobre qualquer tipo de projeto de lei. Eles também denunciaram os impactos causados pelos garimpeiros que continuam a trabalhar ilegalmente na região, contaminando a água e propagando doenças.

As organizações da Rede de Cooperação Alternativa – RCA, que participaram na Assembleia, se reuniram depois e publicaram uma declaração contra o projeto de lei sobre a mineração.

Os Yanomami da Venezuela mostraram fotos gráficas dos impactos da mineração em comunidades venezuelanas, as quais sofrem de altos níveis de doenças e contaminação, uma vez que o governo tem feito pouco para resolver os problemas.

Os Yanomami da região sudoeste, local da mais alta montanha brasileira, o Pico da Neblina, expressaram as suas preocupações sobre a imposição de áreas de conservação em seu território. Armindo Goes Yanomami disse que isso impôs restrições aos Yanomami: ‘A gente não pode desenvolver nenhuma ação, receber nenhum visitante de fora, porque tem que pedir para o ICMBio [departamento governamental responsável pelas unidades de conservação federais].’

O encontro terminou com as eleições de uma nova equipe da Hutukara, e a comunidade anfitriã de Watokiri celebrou com danças na yano (casa comunal) e servindo suco de açaí fresco.

Davi resumiu a semana declarando, ‘Nós estamos muito felizes com o encontro. Nós queremos melhoras em nossas terras, mas queremos a paz antes de tudo’.

Assista ao filme do Instituto Socioambiental (ISA) aqui.

Yanomami celebram o final da 7ª Assembleia da sua organização, Hutukara © Fiona Watson/Survival

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