Por fim, começa a remoção dos garimpeiros na Terra Indígena Yanomami

7 fevereiro 2023

© Ibama

Avião sendo destruído em operação para retirada dos garimpeiros ilegais da Terra Indígena Yanomami.

Foi dado início a uma grande operação para remover os milhares de garimpeiros que atuam ilegalmente na Terra Indígena Yanomami (RR/AM). A operação conta com a participação do IBAMA com apoio da FUNAI e Força Nacional de Segurança Pública.

Os garimpeiros devastaram o território provocando um grande impacto ambiental, atacaram comunidades Yanomami e espalharam doenças – ações que resultaram em uma crise de saúde tão catastrófica que o presidente Lula chamou de “genocídio”. Centenas de Yanomami, especialmente crianças, morreram de desnutrição e de doenças evitáveis.

O ex-presidente Bolsonaro encorajou ativamente a invasão. Durante seu governo, o número de garimpeiros aumentou drasticamente e o narcotráfico assumiu parte do comércio ilegal de ouro na região. Os garimpeiros chegaram até mesmo em áreas habitadas por indígenas isolados Yanomami.

© FUNAI
Um dos muitos garimpos espalhados pela Terra Indígena Yanomami.

Há 53 anos a Survival International trabalha lado a lado dos Yanomami na luta pela proteção de suas terras. Junto a organizações Yanomami como a Hutukara, temos pedido há anos a remoção dos garimpeiros e recentemente publicamos uma declaração com seis pontos para combater a crise causada sob o governo de Bolsonaro. Fotos de satélite divulgadas pela Survival em 2020 já revelavam a escala da destruição em apenas uma área do território.

Davi Kopenawa Yanomami, presidente da Hutukara Associação Yanomami, disse hoje: "O povo indígena Yanomami não tem culpa. Quem tem culpa, é quem rouba as terras dos povos indígenas. Nós somos seres humanos. Mas Bolsonaro quis destruir nossa terra e nossa saúde. O que mais precisamos junto com a assistência à saúde é a proteção permanente da nossa terra, principalmente onde vivem os Moxihatetea [indígenas isolados]. Esta devastação não pode acontecer nunca mais."

A coordenadora da Survival Brasil, Sarah Shenker, disse hoje:

“Essa situação catastrófica foi em parte orquestrada pelo ex-presidente Bolsonaro e seus aliados. Ele encorajou a invasão de garimpeiros e até mesmo negou a entrada de equipes médicas no território quando a escala da crise humanitária já estava clara.

© URIHI – Associação Yanomami
Indígena Yanomami severamente desnutrido é examinado por agentes de saúde.

“Agora, além da urgente remoção dos garimpeiros, um plano de assistência intensiva à saúde indígena é necessário. E vai ser preciso verdadeira vontade política para desmantelar e levar à justiça a rede criminosa que envolve também o narcotráfico que passou a ocupar a região e a aterrorizar as comunidades Yanomami.”

“É absolutamente vital que as autoridades removam os garimpeiros e os mantenha fora do território permanentemente. A presença deles na região afetou a vida dos Yanomami por muito tempo e causou miséria e destruição incalculáveis. Mesmo que todos sejam removidos, levará anos para que os Yanomami e sua floresta se recuperem de tamanha devastação.”

“Este genocídio não pode acontecer nunca mais. Os territórios indígenas em todo o Brasil devem ser finalmente demarcados e protegidos contra invasões. Essa é a única forma que os povos indígenas, incluindo indígenas isolados, podem sobreviver, prosperar e continuar a viver à sua maneira e em suas terras, que estão entre as mais biodiversas do planeta”.

Notas aos editores:

- A Survival luta ao lado dos Yanomami há décadas. Lideramos a porção internacional da campanha pela demarcação do território Yanomami, junto com Davi Kopenawa Yanomami e a Comissão Pró-Yanomami (CCPY).

- Os Yanomami vivem no norte do Brasil e no sul da Venezuela. A atuação de garimpeiros ilegais também afeta a reserva Yanomami na Venezuela.

- A Polícia Federal investiga o crime de genocídio contra os Yanomami.

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