Índios Yanomami 'massacrados' por garimpeiros na Venezuela

30 agosto 2012

Sobreviventes do massacre de Haximu em 1993 seguram urnas contendo as cinzas de seus parentes. Garimpeiros mataram 16 Yanomami no ataque. © C Zacquini/Survival

Esta página foi criada em 2012 e talvez contenha linguagem obsoleta.

Atualização – 10 de setembro de 2012

Após ter recebido o seu próprio relato de fontes confidenciais, Survival International agora acredita que a comunidade Yanomami de Irotatheri não foi atacada por garimpeiros. Alguns Yanomami da área – onde muitos garimpeiros ilegais estão atualmente operando – tinham ouvido relatos de um massacre em julho, e isso foi relatado, por alguns, como tendo ocorrido nesta comunidade. Atualmente, não sabemos se esses relatos foram provocados por um incidente violento, que é a explicação mais provável, mas a tensão permanece elevada na área.



A reação do governo venezuelano continua vergonhosa. Ele não disse, mesmo agora, que irá remover os garimpeiros, e imediatamente negou ter encontrado ‘evidência’ de matanças, antes mesmo de concluir a sua própria investigação. Os seus apoiantes foram mais longe e acusaram seus críticos de serem parte de uma conspiração de direita etc.



As autoridades venezuelanas devem continuar investigando este incidente e, mais importante, devem expulsar os invasores do território Yanomami e outros territórios indígenas no país.


Garimpeiros na Venezuela realizaram um ‘massacre’ de índios Yanomami, de acordo com informações recebidas pela Survival International.



Testemunhas do massacre descreveram encontrar ‘corpos e ossos queimados’ quando eles visitaram a comunidade de Irotatheri na região Momoi, perto da fronteira com o Brasil.



Os relatórios iniciais sugerem que até 80 pessoas foram mortas, mas estes números são impossíveis de confirmar. Apenas três sobreviventes foram encontrados.



Acredita-se que o ataque aconteceu em julho, mas a notícia apenas emergiu agora.



Devido à localização remota da comunidade, os índios que descobriram os corpos levaram dias caminhando até a próxima comunidade para relatar a tragédia.



Luis Shatiwe Yanomami, um líder da organização Yanomami Horonami, estava em Parima e falou com os índios sobre o que viram. Ele ouviu como aqueles que sobreviveram estavam caçando quando a casa da comunidade foi incendiada.



Ele disse a Survival, ‘Por três anos, estamos denunciando a situação. Há muitos garimpeiros que trabalham ilegalmente na floresta.’

Centenas de garimpeiros trabalham ilegalmente em terras Yanomami no Brasil e na Venezuela. © Colin Jones/Survival

Falando com a Survival, Eliseo, um Yanomami da região que falou com os índios que descobriram o massacre, disse, ‘Eles relataram terem visto corpos e ossos carbonizados, e os restos queimados do shabono (casa comunal).’



Massacres contra índios Yanomami não são incomuns. Em 1993, 16 índios foram mortos depois que garimpeiros atacaram a comunidade Yanomami de Haximu. Vários garimpeiros foram posteriormente condenados por genocídio. Até agora, não houve nenhuma investigação sobre este último ataque.



Stephen Corry, Diretor da Survival disse, ‘Esta é mais uma tragédia terrível para os Yanomami – crime após crime. Todos os governos da Amazônia devem parar a desenfreada mineração ilegal, a exploração madeireira e a colonização em territórios indígenas. Eles levam inevitavelmente o massacre de homens, mulheres e crianças indígenas. As autoridades venezuelanas devem agora levar rapidamente os assassinos à justiça, e enviar um sinal em toda a região que os índios não podem mais serem mortos com impunidade. A mineração e exploração madeireira devem acabar.’

Nota aos Editores:

A diretora de pesquisa da Survival, Fiona Watson, tem experiência de mais de 25 anos de trabalho com índios amazônicos, incluindo os Yanomami, e está disponível para entrevista.



Leia uma declaração de organizações indígenas da Amazônia sobre o massacre dos Yanomami (espanhol, pdf)

Leia o apelo da tribo Yanomami para as autoridades venezuelanas para uma investigação urgente. (espanhol, pdf, 2,1 MB)

Leia uma declaração de organizações indígenas da Amazônia, exigindo que uma equipe de investigação visite a comunidade (espanhol, pdf)

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