Novo relatório revela o ‘Lado escuro da conservação’

17 novembro 2014

Povos indígenas são os melhores conservacionistas e guardiões da natureza. O novo relatório da Survival revela como as maiores organizações de conservação do mundo são implicadas nas expulsões deles de ‘áreas protegidas’ © Selcen Kucukustel/Atlas

Esta página foi criada em 2014 e talvez contenha linguagem obsoleta.

É lançada a campanha ‘Parques Precisam de Povos’ durante o Congresso Mundial de Parques.

Um novo relatório contundente lançado pela Survival International – o movimento global pelos direitos dos povos indígenas – revela como, em nome de conservação, milhões de indígenas foram expulsos de “áreas protegidas”.

Muitas das maiores organizações de conservação do mundo, incluindo a WWF e The Nature Conservancy, estão implicadas nesta polêmica. E United for Wildlife, criada pelo Príncipe William e Príncipe Harry, não reconhece as chamadas para apoiar os direitos dos povos indígenas a viverem em suas terras tradicionais e caçarem seus alimentos.

O lançamento do relatório “Parques Precisam de Povos” coincide com o Congresso Mundial de Parques em Sydney, uma conferência mundial sobre a conservação de áreas protegidas, que é realizada a cada 10 anos, e acontece antes do lançamento da United for Wildlife nos Estados Unidos no próximo mês pelo Príncipe William e sua esposa Kate.

O relatório da Survival mostra que quase todas as áreas protegidas são, ou foram, terras ancestrais de povos indígenas, que têm dependido delas, e gerenciado elas, por milênios. Mas, em nome da “conservação”:

• Povos indígenas estão sendo ilegalmente expulsos destas terras.
• Eles são acusados de “caça furtiva” por caçarem seus próprios alimentos.
• Eles enfrentam o risco de serem presos, espancados, torturados e mortos nas mãos de esquadrões anti-caça furtiva.
• Embora as tribos foram expulsas, os turistas e, em alguns casos, até mesmo caçadores de grande caça que pagam taxas, são bem-vindos.

Os Bosquímanos de Botsuana correm o risco de serem presos, espancados e torturados em nome da ‘conservação’ © Survival International

O relatório “Parques Precisam de Povos” examina casos atuais de expulsão, como aquele dos “Pigmeus” Baka em Camarões; os Bosquímanos em Botsuana; e tribos em reservas de tigres na Índia. Mas esse modelo de conservação existe desde a criação dos parques nacionais de Yellowstone e Yosemite no século 19 nos Estados Unidos, que levou à expulsão brutal de tribos nativas americanas.

O bosquímano Dauqoo Xukuri, da Reserva de Caça do Kalahari Central em Botsuana, disse: “Eu sento e olho ao redor do país. Onde quer que haja bosquímanos, há caça. Por quê? Porque nós sabemos como cuidar dos animais.”

Diversas tribos vivem no parque indígena Xingu (delineado em cor de rosa). Ele providencia uma barreira vital contra o desmatamento (em vermelho) na Amazônia brasileira. © ISA (Instituto Socioambiental)

O relatório da Survival “Parques Precisam de Povos” conclui que o modelo atual de conservação precisa de uma reforma radical. A conservação deve aderir ao direito internacional, proteger os direitos dos povos indígenas às suas terras, perguntá-lhes que ajuda eles precisam para a proteção de suas terras, ouví-los e, em seguida, estar preparada para apoiá-los, tanto quanto puder.

O Diretor da Survival, Stephen Corry, disse hoje, “Milhões estão sendo gastos pelos conservacionistas todos os dias, mas a crise ambiental está se aprofundando. É hora de acordar e perceber que há outra maneira de lidar com a situação que é muito, muito melhor. Em primeiro lugar, os direitos dos povos indígenas devem ser reconhecidos e respeitados. Em segundo lugar, eles têm que ser tratados como os melhores especialistas na defesa de suas próprias terras. Os conservacionistas devem perceber que eles – não os indígenas – são os parceiros menores.”

Notas para editores:

- Baixe o relatório ‘Parques Precisam de Povos’
- Visite a página da campagna ‘Parques Precisam de Povos’ para mais informações

Povos indígenas da África Central
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