Peru: FSC suspende temporariamente certificação de madeireira que opera em território Mashco Piro

1 setembro 2024

Imagens inéditas mostram dezenas de indígenas isolados do povo Mashco Piro, na Amazônia peruana, a poucos quilômetros de áreas destinadas à exploração de madeira. © Survival

A FSC (Forest Stewardship Council), organização que emite selos de aprovação que podem ser encontrados em milhares de produtos feitos de papel, anunciou que suspendeu a certificação da madeireira Canales Tahuamanu por oito meses.

O cancelamento da certificação foi exigido pelas organizações indígenas peruanas FENAMAD (organização regional representante das comunidades indígenas da mesma região dos Mashco Piro) e AIDESEP (organização indígena amazônica do Peru), e pela Survival International, após a publicação de imagens que provam que na área vive um grande número de indígenas isolados do povo Mashco Piro.

A liderança indígena Julio Cusurichi, membro do conselho da AIDESEP, afirmou sobre o anúncio da FSC: “Este é um passo importante, mas não é definitivo. Vamos continuar lutando com a mesma força até obtermos uma vitória histórica a favor dos direitos dos povos [isolados].”

Fiona Watson, Diretora de Pesquisa e Campanhas da Survival International, disse: “Esta é uma boa notícia – mas é apenas parte do que é necessário fazer. Há anos a FSC sabe que esta empresa está operando dentro do território dos Mashco Piro. Houve mais de um encontro fatal entre os indígenas isolados e os madeireiros.”

“A extensa cobertura de imprensa das imagens que a Survival divulgou em julho e os 15 mil emails enviados à FSC pelos apoiadores da Survival claramente forçaram a FSC a agir. É muito bom que tenham suspendido a certificação da empresa, mas não há razão para não cancelá-la permanentemente. As organizações indígenas peruanas e a Survival estarão de olho para garantir que isso não seja apenas uma tática para se esquivar do real problema.”

“De acordo com a lei peruana e internacional, os Mashco Piro têm direito à propriedade de seu território, livre e protegido. A destruição de suas terras é ilegal. Esperamos que a FSC reconheça isso – se isso não acontecer, a campanha irá continuar.”

Mascho Piro
Povo

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