Novas imagens incríveis de último sobrevivente de povo indígena da Amazônia

20 julho 2018

Esta página foi criada em 2018 e talvez contenha linguagem obsoleta.

Imagens extraordinárias do último membro sobrevivente de um povo isolado foram divulgadas pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio), a agência de proteção aos povos indígenas no Brasil.

©FUNAI

O homem, conhecido como o “último do seu povo”, já deixou claro que não deseja contato com a sociedade dominante. Sua história completa não é conhecida, mas é provável que seus parentes tenham sido mortos por pistoleiros contratados por fazendeiros e grileiros que invadiram o território a partir da década de 1970.

Pelos rastros deixados pelo indígena, é possível saber que ele cultiva milho, mandioca, papaya e bananas. Ele também caça e faz buracos de cerca de dois metros de profundidade, onde coloca estacas afiadas para caçar animais para comer.

A casa e jardim do indígena conhecido como “o último de seu povo”, onde ele planta mandioca e outros vegetais. Sabe-se muito pouco sobre este índio isolado. Ele vive sozinho em um trecho da floresta, cercado por fazendas e plantações de soja no Estado de Rondônia © Survival

A FUNAI sabe da existência desse indígena isolado desde 1990, quando encontraram evidência de casas destruídas – o mesmo tipo de casas que o indígena constrói. Apesar de um ataque de pistoleiros em 2009, ele sobreviveu graças ao trabalho da FUNAI para proteger seu território.

O homem cava buracos fundos para caçar animais e também para se esconder. Acredita-se que ele seja o único sobrevivente de um povo indígena massacrado por fazendeiros nos anos 1970 e 1980. © Survival

Essa é uma das regiões mais violentas do Brasil, e o orçamento da FUNAI foi drasticamente reduzido.

Survival International, o movimento global pelos povos indígenas, tem pressionado o governo brasileiro por anos para proteger esse território diante das repetidas ameaças de invasão feitas por fazendeiros.

Tocha de resina e estaca feitas pelo indígena foram encontradas pela FUNAI em sua casa, na terra indígena Tanaru, em Rondônia. Brasil, 2005. © Fiona Watson/Survival

Imagens como esta são vitais para o esforço contínuo para proteger os povos isolados, que são os povos mais vulneráveis do planeta. A FUNAI deve provar que ele ainda está vivo para manter a ordem de “restrição de uso” que protege seu território. Caso contrário, fazendeiros e grileiros que cercam a área podem agir rapidamente e tomar a terra.

Altair Algayer, chefe da equipe da FUNAI que monitora o território do indígena isolado, afirma: “Esse homem, que a gente desconhece, mesmo perdendo tudo, como o seu povo e uma série de práticas culturais, provou que, mesmo assim, sozinho no meio do mato, é possível sobreviver e resistir a se aliar com a sociedade majoritária. Eu acredito que ele esteja muito melhor do que se, lá atrás, tivesse feito contato.”

Stephen Corry, Diretor da Survival International, afirma que “Os povos indígenas isolados não são relíquias primitivas de um passado remoto. Eles vivem aqui e agora. Eles são nossos contemporâneos e uma parte fundamental da diversidade humana, mas enfrentam uma catástrofe, a não ser que suas terras sejam protegidas.

“Os crimes terríveis que foram cometidos contra este homem e seu povo não devem se repetir jamais, mas outras inúmeros povos isolados enfrentam a possibilidade real de terem o mesmo destino a não ser que sua terra seja protegida. Apenas uma forte pressão da opinião pública pode aumentar suas chances de sobrevivência, contra os interesses poderosos do agronegócio, que querem roubar a terra dos índios isolados à custa das suas vidas”.

A diretora de Pesquisa e Campanhas da Survival International, Fiona Watson, está disponível para entrevista. Ela visitou o território do indígena isolado durante uma expedição de monitoramento da FUNAI.

Representantes da FUNAI também estão disponíveis para entrevista. 

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