Indígenas Munduruku denunciam garimpo ilegal em seu território

2 dezembro 2019

Indígenas Munduruku fazem manifestação, em frente ao Ministério da Justiça, em 2018. © Marcelo Camargo/Agência Brasil

Esta página foi criada em 2019 e talvez contenha linguagem obsoleta.

Líderes e representantes do povo Munduruku denunciaram a atuação de garimpeiros ilegais em seu território na Amazônia e prometeram não parar de lutar contra a destruição de sua terra.

A área ao redor do rio Tapajós é o lar de muitas comunidades Munduruku. É um dos territórios indígenas mais intensamente invadidos por garimpeiros, o que já ocorre há alguns anos.

O povo Munduruku está preocupado com os crescentes impactos sociais e ambientais dessa invasão. Mostrando uma garrafa de água turva do rio Tapajós, Alessandra Munduruku disse na semana passada em Brasília: “Essa água suja está trazendo mortes e doenças ao nosso povo e nossos peixes estão cheios de mercúrio”.

No mês passado, os Munduruku bloquearam uma das estradas da região para protestar contra a invasão e divulgaram várias declarações alertando os pariwat (não-indígenas): “Vocês estão destruindo nossos locais sagrados, perturbando o mundo dos nossos espíritos. Isto traz doenças e morte para nosso povo. Não vamos aceitar mais destruição…O garimpo está dividindo nosso povo, trazendo novas doenças, contaminando nosso povo com mercúrio, trazendo drogas, bebidas, armas e prostituição. E ganância.”

Há relatos de que os altos níveis de mercúrio têm prejudicado o desenvolvimento infantil. Os impactos duradouros da contaminação por mercúrio nos povos indígenas e na vida aquática são um problema de grande preocupação. Um estudo sobre a contaminação por mercúrio no Brasil, apresentado em junho, estima que existam entre 18,5 e 221,5 toneladas de mercúrio em várias regiões do país.

As organizações Munduruku exigem que todos os garimpeiros sejam expulsos. Eles também denunciaram as tentativas do atual governo de legalizar a mineração em territórios indígenas.

O presidente Jair Bolsonaro sempre expressou seu apoio aos garimpeiros e agora quer aprovar uma lei para legalizar a mineração em territórios indígenas, apesar da forte oposição dos povos indígenas.

Se essa lei for aprovada pelo Congresso, 177 territórios indígenas serão diretamente afetados, incluindo as terras de pelo menos seis povos indígenas isolados, os povos mais vulneráveis do planeta. O território Yanomami, que é fortemente invadido por garimpeiros ilegais, estará entre os mais afetados, pois já possui 678 solicitações de exploração mineral, mais do que qualquer outro território indígena.

Os Munduruku, cujo nome significa “povo formiga de fogo”, são um povo de mais de 14.000 indígenas que vivem na Amazônia. Eles cultivam mandioca e outros vegetais de raiz, além de banana e abacaxi nos jardins da floresta. Também caçam, pescam e colhem uma grande variedade de frutas e nozes.

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